A anta de Arca
Arca pode bem orgulhar-se de ter um dos ex-libris da cultura megalítica do concelho de Oliveira de Frades e de toda a serra do Caramulo: a tão divulgada anta ou dólmen de Arca.
Este monumento é constituído por três blocos em posição aproximadamente vertical (esteios), com alguns outros já partidos, sobre os quais descansa uma grande laje (tampa ou mesa) a cobrir o espaço interior. Mede de altura cerca de 4,5 metros e a mesa tem 4,20 por 3,20 metros.
Como as demais construções dolménicas, deverá ter tido um corredor de acesso e um montículo circular de terra e pedregulho que servia de protecção, a que se dá o nome de mámoa ou mamoa.
Sobre a anta de Arca, monumento nacional por decreto de 16 de Junho de 1910, diz o dr. Amorim Girão: “ao pretendermos fazer a enumeração destes monumentos, o lugar principal cabe de direito à anta ou dólmen situada não longe da igreja matriz do Espírito Santo de Arca, já porque é de todos eles o que apresenta externamente maiores dimensões, já porque, sendo o único geralmente conhecido, tem servido para autenticar quantas notícias ou referências se tem escrito sobre a alta antiguidade a que remonta o povoamento humano nesta região.
(…) Muitas têm sido as referências feitas a este importante monumento megalítico, conhecido e designado na Carta Corográfica pelo nome de Pedra de Arca e que qualifica algumas povoações, como Arca, Paranho de Arca, Covelo de Arca.
Apesar das suas dimensões não serem muito superiores às de outras tantas vizinhas, o facto de lhe ter sido destruída a mamoa, que indubitavelmente teve, o que dá para a tampa ou chapéu uma altura de 4,5 metros sobre o solo, permitindo passar-se a cavalo por baixo e impedindo subir a ela sem o auxílio duma escada, confere-lhe o primeiro lugar entre os megálitos da região”.
Sobre esta anta foram criadas muitas lendas, com a mais popular a ser a lenda da moura. Segundo esta tradição, a anta foi erigida por uma moura e a laje que se encontra horizontalmente em cima das que servem de pilares foi lá colocada pela dita, trazendo-a à cabeça, a fiar numa roca e com um filho ao colo.
A moura aparece todos os anos na madrugada de S. João a fiar uma rocada em cima da anta e rodeada por objectos de ouro; ao feliz mortal que lá passar em primeiro lugar será perguntado de qual gostará mais: se dos olhos da moura ou dos objectos de ouro que lá tem. Como todos têm dito que gostam mais dos objectos de ouro, eles têm-se transformado sempre em cinzas devido aos poderes mágicos da moura. Só conseguirão os objectos de ouro quando se agradarem mais dos olhos da moura e não do ouro.